quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

As barreiras emocionais

Muitas vezes as pessoas ditas "normais" pensam e acham que apenas as barreiras físicas são impeditivas para os deficientes. Infelizmente essa não é a verdade.
Falemos então das barreiras para as quais não há legislação aplicável. Quais são? As barreiras emocionais.
Por barreiras emocionais entendo as barreiras psicológicas, aquelas que descriminam, as que humilham, as que silenciam. As barreiras criadas pela discriminação. As barreiras sociais. As que sentimos cada vez que somos olhados de lado, cada vez que nos humilham porque somos "diferentes".
Ou cada vez que nos tratam como "coitadinhos".
Ou cada vez que somos gozados na rua. Dizia um dos leitores deste blog que sofre de uma incapacidade visual que é alvo de chacota por parte de alguns jovens cada vez que vai na rua. Este particular comportamento também acontece com os idosos, infelizmente. Não há uma educação cultural que permita encarar o outro como um ser igual. É ignóbil. Mas infelizmente não são só os jovens que o fazem.
O mesmo acontece nos supermercados em que existe uma caixa própria para deficientes, e no caso dos deficientes motores é essencial, não porque permite "passar à frente" mas porque é a única que tem largura suficiente para a cadeira de rodas passar. E o que acontece? Está sempre ocupada ou fechada. E no meu caso, sempre que me perguntam porque não me dirijo à caixa prioritária, respondo sempre o mesmo, já fui suficientemente humilhada por clientes"normais" que ficam demasiado incomodados por serem chamados à atenção para querer passar por isso mais uma vez.
E as casas de banho? As de deficientes ou estão fechadas ou normalmente ocupadas por quem não necessita delas. E para nós que não controlamos as necessidades fisiológicas basta por vezes um instante para que fiquemos num estado em que nos sentimos de facto humilhados e vencidos...
As filas nas entidades publicas, os balcões altos, a inacessibilidade às prateleiras dos supermercados, a falta de civismo por parte do publico, todos estes factores acabam por ser desmotivadores para quem de facto tem dificuldades acrescidas na vivência do dia-a-dia.
E o que dizer ao isolamento social, ao estigma, à solidão? Quantos de nós nos preocupamos com os amigos ou conhecidos que vivem isolados e presos na sua clausura, não por iniciativa própria mas porque não têm condições para sair?
Não sejam solidários só no Natal...
Sejam-no todos os dias e olhem um bocadinho para o lado. Só um minuto. É o bastante para fazer a diferença.

3 comentários:

  1. No mundo em que vivemos nao ha respeito nem por nós deficientes, nem por idosos, nem por ninguem.
    Portugal é um pais de atrsados, mal educados e sem alguma formação
    Por isso muitas vezes tenho pena de pertencer a este país onde nasci.
    Tenho uma esperança muita vaga ainda que seja.
    Que no futuro tudo seja diferente e consigamos ser todos iguais.
    Respeitados como seres humanos que somos.

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  2. vai mudar amiga .tem de mudar , caramba .
    vamos continuaar a incomodar , a apontar o dedo , a relatar casos de injustiça e desigualdade

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  3. um dia muda... sou brasileiro e aqui é a mesma coisa... que torcemos juntos para que isso mude

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